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Músicos e Distonia: o Sono é parte do problema?

Esse texto foi uma carta ao editor da Revista “Medical Problems of Performing Artists”, Volume 30, Number 2 (2015), comentando se “Musicians and Dystonia: Is Sleep Part of the Problem?” Eu achei muito interessante esse tipo de discussão, em que o SONO do músico foi considerado, para avaliar questões relacionadas à profissão, como as lesões musculares.



Os autores, Lee e Altenmuller, mostram em um estudo recente, um achado importante sobre um tipo de distonia “tarefa-específica”, em um músico percussionista profissional. Os autores apresentaram a forma como foi feita a investigação, o tratamento e o possível diagnóstico diferencial, levantando uma questão importante, sobre a necessidade de conscientização dos médicos sobre essa condição, ao considerar a saúde dos músicos.


O ponto dessa discussão, era contribuir para um novo ponto de vista, proporcionando um pensamento crítico, para uma abordagem multidisciplinar, para esse tipo de distonia em músicos. Esse tipo de distonia afeta muitos indivíduos e, resulta em grave comprometimento do desempenho técnico musical.


O fator que poderia estar potencialmente associado à distonia, seria o SONO. De fato, há algumas evidências de que, a distonia está relacionada a uma redução da eficiência do sono e do sono no estágio REM, assim como o aumento de despertares, causando um sono fragmentado.

A qualidade do sono é essencial para a homeostase corporal, sensibilidade dolorosa e controle motor, apresentando uma relação bidirecional com esses parâmetros. Os distúrbios do sono, podem ser uma característica primária da distonia, independentemente de sua gravidade, quanto controle motor.


Alguns autores, como Walker et al, já demonstraram que os padrões motores e ações que exigem habilidades específicas, necessárias para esportes baseados em movimentos, como tocar um instrumento musical, dependem do sono. Nesse sentido, mais estudos são necessários para caracterizar melhor o padrão do sono dessa população em particular e, investigar sua relação com a distonia.


A exposição contínua ao ruído, é outro ponto importante que, por si só, pode causar alterações comportamentais, alterar a arquitetura do sono e, consequentemente, levar à sonolência diurna excessiva. Sabe-se que o ruído pode afetar os parâmetros da saúde, principalmente se atingir frequências maiores que 55dB, devido em parte ao desenvolvimento de distúrbios do sono, como atraso no início do sono, despertares precoces e redução do sono de ondas lentas e do sono REM, que também pode desencadear a distonia. A exposição crônica ao ruído, pode contribuir também para o desenvolvimento do zumbido, que também é um fator de risco para distúrbios do sono.

Nesse caso clínico relatado, o paciente tocava de 1 a 2 horas por dia e, possivelmente com exposição a frequências de ruído acima de 135 dB. Se considerarmos a importância do sono para a saúde muscular, podemos teorizar que, o paciente apresentado pelos autores Lee e altenmuller, também poderia apresentar alterações no padrão do sono, se comparado com outros tipos de distonia, como nesse caso, os músicos que são expostos a um fator de risco adicional, o ruído.


Se a exposição crônica ao ruído, além dos movimentos repetitivos, intrínsecos da profissão, também são modulados pelo sono e podem resultar em piores manifestações motoras da distonia, ainda é desconhecido. Essas questões necessitam de estudos mais aprofundados, para melhor gestão da distonia e qualidade de vida dos pacientes músicos.


(Fonte: Musicians and Dystonia: Is Sleep Part of the Problem? RT Akamine et al., Medical Problems of Performing Artists, 2015)

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Liliana Mores – Cirurgiã-Dentista CRO/SC 15297

Odontologia na Medicina do Sono

DTM & Dores Orofaciais, Bruxismos

Odontologia para Músicos

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